4º Open BTT Amadora - A prova que mete água mesmo em tempo seco


A primeira vez que participei nesta prova foi na sua segunda edição, sendo também uma das minhas primeiras participações em provas organizadas. Chovia tanto ou tão pouco, que dos bravos que se
apresentaram nesse dia, muitos não passaram da primeira volta tal era o dilúvio. Para os que ali resistiram as 3 horas a pedalar foi um verdadeiro banho de lama e água gelada. Nessa prova acabei em segundo lugar tendo perdido o primeiro apenas na última volta para alguém muito mais experiente que eu nestas andanças.

Desde aí que o meu único interesse em voltar a esta prova era para ir buscar o primeiro lugar que me tinha fugido das mãos, mas o ano passado a escolha recaiu sobre a prova dos Trilhos da Raia e este ano ainda não me sentia em forma para atingir o meu objetivo. No entanto, por conhecer o tipo e o terreno de prova, achei que seria uma boa forma de ganhar ritmo e de representar a minha equipa mais uma vez.

Aliviados por este ano o tempo estar tão seco, lá nos apresentámos no Regimento de Lanceiros nº 2 para mais uma manhã animada.

Levantar os dorsais foi tão demorado que a partida atrasou-se cerca de 25 minutos, mas aí a ainda estávamos todos animados e o tempo acabou por ser passado na galhofa com a malta amiga dos Estrelas da Amadora.



O meu objetivo para esta prova era apenas melhorar o meu andamento o mais possível sem puxar demasiado porque esforço intenso e amamentar um bebé de 4 meses não são compatíveis. Não estando preocupados com pódios, eu e o Frederico partimos bem cá de trás e sem pressas.


Fiz a volta de reconhecimento com calma e, nas duas primeiras voltas, desmontei na única subida digna de registo por a terra estar tão solta e não me justificar o esforço de subir a pedalar. À terceira volta a terra já estava mais compacta pelo que passei a fazê-la montada. A gestão do esforço é definitivamente a minha maior preocupação neste regresso e essencial para poder começar a almejar desafios maiores nos próximos tempos.


A primeira metade da prova fi-la num ritmo confortável e praticamente a par (e por vezes na conversa) com a Carla Vitor, mas a partir daí as pernas pediram que puxasse um bocadinho mais por elas e fiz-lhes a vontade. Descolei da Carla e como me estava a sentir muito bem, defini um objetivo na minha cabeça. Não deixar que mais nenhuma elite me dobrasse a partir desse momento e dobrar pelo menos uma vez a Carla. Tinha agora a motivação para puxar um pouco mais por mim e a possibilidade de satisfazer o meu objetivo de há dois anos.


O percurso era rápido, curto e limitava-se a um grande estradão. Não é definitivamente o meu tipo de terreno porque não tem a beleza nem a técnica que tanto gosto mas pelo menos estava seco. Ou melhor, estava todo menos uns infelizes metros de lama. Não sei se este troço foi inventado de propósito ou não mas se foi, foi uma triste ideia que só serviu para estragar material.


Consegui passar sempre montada até à penúltima volta, altura que o troço enlameado se tinha tornado numa imensa vala barrenta e sou obrigada a meter o pé lá dentro para não albarroar o atleta que ficou atascado mesmo à minha frente pois era impossível desviar a rota tal era já a profundidade de lama.


Tentei manter sempre a mesma cadência ao longo do percurso mas sempre que passava pela zona da meta, abrandava, hidratava-me, alongava-me, e, a única vez que parei na carrinha do abastecimento para comer qualquer coisa e encher o bidon fui apanhada de surpresa por terem apenas... maçãs!


Só maçãs?! A sério?! Numa prova de resistência?! 12 euros de inscrição não dá para mais do que umas maçãs?! Sem mais comentários...

Como mantive sempre um ritmo confortável, deu para ir puxando pelo pessoal que me passava ou até para ir dando umas dicas aos miúdos do troféu junior que entretanto se tinham juntado a nós em parte do percurso. É claro que quando a descontração se torna demasiada dá asneira, e por ir na conversa e ter facilitado, quando dou por mim estou a passar a ferro a curva antes do empedrado. Mais um cotovelo esfolado para a coleção. Nunca mais aprendo :)


Cheguei assim ao final cumprindo o meu objetivo: não ser dobrada por mais nenhuma elite e completar mais uma volta que a minha "adversária" de escalão. Fiquei mais que satisfeita. Especialmente por ter acabado a prova com mais de 50km em 3 horas, algo que já não pedalava há bastante tempo!

A falta de organização notou-se mais uma vez à chegada quando todos os atletas iam ficando parados em cima uns dos outros à espera que lhes retirassem o chip. Sem ninguém a dispersar os atletas, e com dois elementos do staff meio aflitos a retirar chips, já não se percebia quem ainda estava à espera ou quem já só estava na conversa. Foram mais uns bons 10 minutos até conseguir que me retirassem o chip e poder dirigir-me para a lavagem das bikes.


Essa foi outra zona para esquecer, duas mangueiras e entre uns a passar à frente e outros a lavar as bikes com vassoura tranquilamente deu em duas filas que não mexiam e acabámos mesmo por desistir. O estado das bikes nesta altura era equivalente à opinião geral do percurso... o que é uma pena pois estando esta prova integrada num Troféu Intermunicipal de XCR, sendo já o 4º ano em que é organizada e com a qualidade demonstrada em termos de percurso e organização nas restantes provas do Troféu, não deixou vontade nenhuma de ser repetida.


Aguardámos assim pela entrega dos troféus, e, confesso que fiquei mesmo feliz em subir ao pódio e ouvir o nome do GDCTINCM pelos altifalantes e levar a minha "menina" comigo para receber o troféu de 1º lugar Masters Feminina.


Espero que sirva para mostrar a todas as atletas mulheres que ter um filho não é nenhum cataclisma e que podemos efetivamente continuar a fazer o que gostamos, com os devidos ajustes obviamente, mas sempre com o mesmo prazer e alegria.


Do que eu não estava mesmo à espera era de ser chamada ao pódio para receber o 2º lugar Masters Femininas do Troféu XCR Intermunicipal, pois só tinha participado em duas das três provas! Não fossemos ter decidido ir lavar as bikes depois do primeiro pódio não tinha tido este duplo prazer, pois as minhas mamas já gritavam por misericórdia de tão cheias de leite que estavam (desculpem lá rapazes, mas a verdade é esta :p).


Além do troféu ganhei um gel +Watt e após ter consultado o distribuidor da marca, confirmei que a gama SALI+  pode ser tomada sem problemas durante a amamentação o que é sempre bom de saber. Há tão pouca informação sobre o que é seguro nesta fase e os produtos têm tantas palavras desconhecidas na sua composição que convém sempre confirmar antes de tomar o que quer que seja.


Obrigada ao GDCTINCM pela oportunidade de vestir as cores da nossa casa e participar nesta prova. Obrigada Bruno Aguiar por me teres apresentado esta menina que é agora a cor dos meus olhos bttisticos. Obrigada Frederico por todo o apoio. Obrigada malta amiga do pedal pelo vosso incentivo e alegria durante a prova, cavalões inclusive que passavam a abrir mas tinham sempre um "sandrinhaaaaa" para me lançar! Assim fica tudo mais divertido!

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